FAQ

Algumas perguntas e respostas sobre fé. 


l. Qual é o desígnio de Deus para o homem?
Deus, infinitamente perfeito e bem-aventurado em si mesmo, por um desígnio de pura bondade, criou livremente o homem para fazê-lo participar da sua vida bem-aventurada. Na plenitude dos tempos, Deus Pai enviou seu Filho como redentor e salvador dos homens caídos no pecado, convocando-os para sua Igreja e tornando-os filhos adotivos por obra do Espírito Santo e herdeiros da sua eterna bem aventurança.  1-25

2. Por que há no homem o desejo de Deus?
O próprio Deus, ao criar o homem à própria imagem, inscreveu no coração dele o desejo de o ver. Ainda que esse desejo seja com frequência ignorado, Deus não cessa de atrair o homem a si, para que viva e encontre nele aquela plenitude de verdade e de felicidade que procura sem descanso. Por natureza e por vocação, o homem é, portanto, um ser religioso, capaz de entrar em comunhão com Deus. Essa  íntima e vital ligação com Deus confere ao homem a sua fundamental dignidade. 27-50 44-45

3. Como se pode conhecer a Deus apenas com a luz da razão?
Partindo da criação, ou seja, do mundo e da pessoa humana, o homem pode, simplesmente com a razão, conhecer com certeza a Deus como origem e fim do universo e como sumo bem, verdade e beleza infinita. 51-36 46-47

4. Basta apenas a luz da razão para conhecer o mistério de Deus?
O homem, ao conhecer a Deus apenas com a luz da razão, encontra muitas dificuldades. Além do mais, não pode entrar sozinho na intimida de do mistério divino. Por isso, Deus quis iluminá-lo com a sua revelação, não somente sobre verdades que superam a compreensão humana, mas também sobre verdades religiosas e morais que, embora acessíveis de per si à razão, podem ser assim conhecidas por todos sem dificuldade, com firme certeza e sem mistura de erro. 57-58

5. Como se pode falar de Deus?
Pode-se falar de Deus a todos e com todos, a partir das perfeições do homem e das outras criaturas, as quais são um reflexo, embora limitado, da infinita perfeição de Deus. É preciso, todavia, purificar continuamente a nossa linguagem de tudo o que contém de imaginativo e de imperfeito, sabendo-se que não se poderá jamais exprimir plenamente o infinito mistério de Deus. 59-45 48-49

6. O que Deus revela ao homem?
Deus, em sua bondade e sabedoria, revela-se ao homem. Com ações e palavras revela a si mesmo e a seu desígnio benevolente, que desde toda a eternidade preestabeleceu em Cristo a favor dos homens. Esse desígnio consiste em fazer com que, pela graça do Espírito Santo, todos os homens participem da vida divina, como seus filhos adotivos no seu único Filho. 50-55 68-69

7. Quais são as primeiras etapas da Revelação de Deus?
Desde o princípio, Deus se manifesta aos primeiros pais, Adão e Eva, e os convida a uma íntima Comunhão com ele. Depois da queda deles, não interrompe a sua revelação e promete a salvação para toda a descendência deles. Depois do dilúvio, faz com Noé uma aliança entre ele e todos os seres vivos. 54-58 70-71

8. Quais são as etapas seguintes da Revelação de Deus?
Deus elege Abraão, chamando-o para fora de seu país a fim de fazer dele "o pai de uma multidão de nações" (Gn 17,5) e prometendo-lhe abençoar nele "todas as famílias da terra" (Gn 12,3). Os descendentes de Abraão serão os depositários das promessas divinas feitas aos patriarcas. Deus forma Israel corno seu povo de eleição, salvando-o da escravidão do Egito, conclui com ele a Aliança do Sinai e lhe dá, por meio de Moisés, a sua Lei. Os profetas anunciam uma radical redenção do povo e uma salvação que incluirá todas as nações numa Aliança nova e eterna. Do povo de Israel, da estirpe do rei Davi, nascerá o Messias: Jesus. 59-64 72

9. Qual é a etapa completa e definitiva da Revelação de Deus?
É a que se realiza no seu Verbo encarnado, Jesus Cristo, mediador e plenitude da Revelação. Ele, sendo o Único Filho de Deus feito homem, é a Palavra perfeita e definitiva do Pai. Com o envio do Filho e o dom do Espírito, a Revelação está agora plenamente realizada, ainda que a fé da Igreja tenha de captar gradualmente todo seu alcance ao longo dos séculos. 65-66 73

10. Que valor tem as revelações privadas?
Ainda que não pertençam ao depósito da fé, elas podem ajudar a viver a mesma fé, desde que mantenham sua estrita orientação para Cristo. O Magistério da Igreja, a quem cabe o discernimento de tais revelações privadas, não pode, portanto, aceitar as que pretendem superar ou corrigir a Revelação definitiva que é Cristo. 67

11. Por que e de que modo a Revelação divina deve ser transmitida?
Deus "quer que todos (os homens) sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade" (ITm 2,4), ou seja, de Jesus Cristo. Por isso, é necessário que Cristo seja anunciado a todos os homens, segundo o seu próprio mandamento: "Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações" (Mt 28,19). É o que se realiza com a Tradição Apostólica. 74

12. O que é a Tradição Apostólica?
A Tradição Apostólica é a transmissão da mensagem de Cristo, realizada desde as origens do cristianismo, mediante a pregação, o testemunho, as instituições, o culto, os escritos inspirados. Os Apóstolos transmitiram a seus sucessores, os bispos, e, por meio deles, a todas as gerações até o final dos tempos o que receberam de Cristo e aprenderam do Espírito Santo. 75-79,83,96,98

13. Como se realiza a Tradição Apostólica?
A Tradição Apostólica se realiza de duas maneiras: com a transmissão viva da Palavra de Deus (também chamada simplesmente de Tradição) e com a Sagrada Escritura, que é o mesmo anúncio da salvação feito por escrito. 76

14. Que relação existe entre a Tradição e a Sagrada Escritura?
A Tradição e a Sagrada Escritura estão em estreita ligação e comunicação entre si. Ambas, com efeito, tornam presente e fecundo na Igreja o mistério de Cristo e brotam da mesma fonte divina: constituem um só sagrado depósito da fé, de onde a Igreja haure a própria certeza sobre todas as coisas reveladas. 80-82 97

15. A quem é confiado o depósito da fé?
O depósito da fé é confiado pêlos Apóstolos a toda a Igreja. Todo o povo de Deus, com o sentido sobrenatural da fé, sustentado pelo Espírito Santo e guiado pelo Magistério da Igreja, acolhe a Revelação divina e cada vez mais a compreende e a aplica à vida. 84,91 94,99

16. A quem cabe interpretar autenticamente o depósito da fé?
A interpretação autêntica desse depósito compete unicamente ao Magistério vivo da Igreja, ou seja, ao Sucessor de Pedro, o Bispo de Roma, e aos bispos em comunhão com ele. Cabe também ao Magistério, que ao servir a Palavra de Deus goza do carisma certo da verdade, definir os dogmas, que são formulações das verdades contidas na Revelação divina; essa autoridade se estende também às verdades necessariamente ligadas à Revelação. 85-90 100

17. Que relação existe entre Escritura, Tradição e Magistério?
Eles têm uma ligação tão estreita entre si que nenhum deles existe sem os outros. Juntos, contribuem eficazmente, cada qual segundo seu modo próprio, sob a ação do Espírito Santo, para a salvação dos homens. 95

18. Por que a Sagrada Escritura ensina a verdade?
Porque o próprio Deus é o autor da Sagrada Escritura; por isso se diz que ela é inspirada e ensina sem erro as verdades que são necessárias à nossa salvação. Com efeito, o Espírito Santo inspirou os autores humanos, que escreveram o que ele quis nos ensinar. A fé cristã, todavia, não é "uma religião do Livro", mas da Palavra de Deus, que não é "uma palavra escrita e muda, mas o Verbo encarnado e vivo" (São Bernardo de Claraval). 105-108 135-136

19. Como ler a Sagrada Escritura?
A Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com a ajuda do Espírito Santo e sob a guia do Magistério da Igreja, segundo três critérios: l) atenção ao conteúdo e à unidade de toda a Escritura; 2) leitura da Escritura na Tradição viva da Igreja; 3) respeito à analogia da fé, ou seja, à coesão das verdades da fé entre si. 109-119 157

20. O que é o cânone das Escrituras?
O cânone das Escrituras é a lista completa dos escritos sagrados que a Tradição Apostólica fez a Igreja discernir. Esse cânone compreende 46 escritos do Antigo Testamento e 27 do Novo. 120 138

21. Que importância tem o Antigo Testamento para os cristãos?
Os cristãos veneram o Antigo Testamento como verdadeira Palavra de Deus: todos os seus escritos são divinamente inspirados e conservam um valor permanente. Eles dão testemunho da divina pedagogia do amor salvífico de Deus. Foram escritos sobretudo para preparar o advento de Cristo Salvador do universo. 121-123

22. Que importância tem o Novo Testamento para os cristãos?
O Novo Testamento, cujo objeto central é Jesus Cristo, confia-nos a verdade definitiva da Revelação divina. Nele, os quatro Evangelhos — de Mateus, Marcos, Lucas e João -, por serem o principal testemunho sobre a vida e a doutrina de Jesus, constituem o coração de todas as Escrituras e ocupam um lugar único na Igreja. 124-127 139

23. Que unidade existe entre Antigo e Novo Testamento?
A Escritura é una, porquanto única é a Palavra de Deus, único o desígnio salvífico de Deus, única a inspiração divina de ambos os Testamentos. O Antigo Testamento prepara o Novo e o Novo dá cumprimento ao Antigo: os dois se iluminam mutuamente. 128-130 140

24. Que função tem a Sagrada Escritura na vida da Igreja?
A Sagrada Escritura dá suporte e vigor à vida da Igreja. É para seus filhos firmeza da fé, alimento e fonte de vida espiritual. É a alma da teologia e da pregação pastoral. Diz o salmista: ela é "lâmpada para meus passos e luz no meu caminho" (SI 119,105). A Igreja exorta por isso à frequente leitura da Sagrada Escritura, porque "a ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo" (São Jerônimo). 131-133 141- 142

25. Como responde o homem a Deus que se revela?
O homem, sustentado pela graça divina, responde a Deus com a obediência da fé, que é confiar plenamente em Deus e acolher a sua Verdade, porquanto garantida por ele, que é a própria Verdade. 142-143

26. Quais são na Sagrada Escritura as principais testemunhas de obediência da fé?
Há muitas testemunhas, em particular duas: Abraão, que, posto à prova, "creu em Deus" (Rm 4,3) e sempre obedeceu a seu chamado, tornando-se "pai de todos os crentes" (Rm 4,11.18); e a Virgem Maria, que realizou do modo mais perfeito, durante toda a sua vida, a obediência da fé: "Fiat mihi secundam Verbum tuum — Faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1,38). 144-149

27. Na prática, o que significa para o homem crer em Deus?
Significa aderir ao próprio Deus, confiando nele e dando assentimento a todas as verdades por ele reveladas, porque Deus é a verdade. Significa crer num só Deus em três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. 150-152 176-178

28. Quais são as características da fé?
A fé, dom gratuito de Deus e acessível a todos os que a pedem com humildade, é virtude sobrenatural necessária à salvação. O ato de fé é um ato humano, ou seja, um ato da inteligência do homem que, sob o impulso da vontade movida por Deus, dá livremente o próprio consenso à verdade divina. Além disso, a fé é certa porque fundada na Palavra de Deus, é operosa "pelo amor" (Gl 5,6); está em contínuo crescimento graças, em particular, à escuta da Palavra de Deus e à oração. Ela nos faz prelibar desde já a alegria celeste. 153-165 179-180-183-184

29. Por que não há contradições entre fé e ciência?
Embora a fé supere a razão, jamais poderá haver contradição entre fé e ciência, porque ambas têm origem em Deus. É o mesmo Deus que dá ao homem tanto a luz da razão quanto a fé. 159

30. Por que a fé é um ato pessoal e ao mesmo tempo eclesial?
A fé é um ato pessoal, como livre resposta do homem a Deus que se revela. Mas é ao mesmo tempo um ato eclesial, que se exprime na confissão: "Nós cremos". Com efeito, é a Igreja que crê. Desse modo, com a graça do Espírito Santo, ela precede, gera e alimenta a fé de cada um. Por isso a Igreja é Mãe e Educadora. 166-169 181

31. Por que as fórmulas da fé são importantes?
As fórmulas da fé são importantes porque permitem exprimir, assimilar, celebrar e partilhar juntamente com outros as verdades da fé, utilizando uma linguagem comum. 170-171

32. De que modo a fé da Igreja é uma só?
A Igreja, embora formada por pessoas diferentes por língua, cultura e ritos, professa, com voz unânime, a única fé recebida de um só Senhor e transmitida pela única Tradição Apostólica. Professa um só Deus — Pai, Filho e Espírito Santo — e mostra um só caminho de salvação. Portanto, nós cremos, com um só coração e com uma só alma, em tudo o que está contido na Palavra de Deus, transmitida ou escrita, e é proposto pela Igreja como divinamente revelado. 172-175 182

FONTE: Compêndio do Catecismo da Igreja Católica - Vaticano (www.vatican.ve)

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